sábado, 14 de março de 2020

Egolatria: "Espelho, espelho meu, há alguém mais importante do que eu?"


Quando pensamos em idolatria logo nos vem à mente estátuas, quadros ou qualquer outro tipo de objeto considerado sacro por alguns. Mas, a idolatria não diz respeito à, necessariamente, fatores externos. Ela começa no coração (Ez 14.3).

A palavra ídolo, conforme aparece na Bíblia (e.g. Gn 31.19; Jz 17.5), tem a ideia de uma imagem usada para o culto. Já a palavra idolatria aparece com o sentido de iniquidade (1Sm 15.23). Essa iniquidade nasce no coração humano (Jó 4.8). Dessa forma, idolatria é uma imagem pecaminosa que criamos em nosso coração e não externamente. É algo dentro de nós, não fora de nós.

Um ídolo é qualquer coisa que centralizamos em nossa vida e que não seja o Deus da Bíblia. É aquilo (ou quem) faz sua vida valer a pena; que você coloca sua esperança ou confiança; que ocupa a posição mais sagrada na sua vida.

Um ídolo pode ser qualquer coisa, inclusive você mesmo.

Talvez o ídolo mais amado do mundo seja o eu (ego). Muitos vivem como se fossem o centro de tudo o que existe. A egolatria nos faz pensarmos de nós mesmos além do que convém (Rm 12.3); faz-nos pensar mais em nossa autoestima do que estimar os outros; faz-nos focar mais em nós mesmos do que em Deus; valorizamos mais a autoimagem do que a imagem de Deus em nós e no outro.

Vamos colocar tudo isso em termos práticos. A egolatria está em evidência em nossos dias. A internet está aí para provar. Muitos têm cultuado a si mesmo em suas redes sociais. Não é incomum moças postarem fotos com os dizeres "feia, mas tá valendo", só para que alguém comente o contrário. Rapazes fazem algo semelhante ao postarem fotos sem camisa, depois de dois dias fazendo academia. Muitos não conseguem viver sem se "Instagramear", como revela o cantor/compositor Tiago Iorc em Sol Que Faltava.

Darei outro exemplo com um questionamento. Por que você veste o que veste? Algumas pessoas vestem determinadas roupas com o fim de serem notadas e elogiadas. Transforme outras coisas em “por quês?” e responda sinceramente sobre as motivações de seu coração. Quando fazemos as coisas para sermos notados, isso é uma forma de idolatria, ou seja, egolatria. Um ególatra quer ser plenamente satisfeito com sua própria imagem.

Quando algo criado se torna o desejo derradeiro do coração, a glória de Deus é trocada. Se desejamos satisfazer-nos a nós mesmos mais do que tudo, trocamos a glória divina pela humana (Rm 1.23). Portanto, cuide de seu coração e não confie em si mesmo. Não somos mais importantes do que tudo. Nossas vidas não devem servir para contar nossas histórias, mas a história de Deus.