segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Amizade em tempos difíceis - Provérbios 17.17

"Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão." — Provérbios 17.17

Em O Senhor dos Anéis, Sam fala para Frodo, enquanto viajam para Mordor afim de destruir o Um Anel: “Foi uma coisa que Gandalf disse [sobre Frodo]: "Não o deixe, Samwise Gangee". Nunca pensei nisso!"

O filme (baseado na obra de Tolkien) mostra a trajetória de Frodo, portador do anel, e Sam rumo à destruição da joia. Altas aventuras e grande perigos. Mas Sam não deixaria Frodo. Estaria sempre com ele, mesmo quando Frodo —  em algum momento — recusasse sua presença. Ou  mesmo quando os desafios fossem extremos. É sobre esse tipo de amizade que quero falar: amizade em tempos difíceis.

O que é um provérbio?

É como um ditado. Não é um mandamento, uma promessa ou uma profecia. É um provérbio. Os provérbios foram escritos a partir de uma constatação da realidade. Alguém observou a vida como um todo (e.g. Salomão) e registrou isso em forma poética.

Ao observar que a insistência/perseverança produz resultados satisfatórios, alguém escreveu: “Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura”. Porém, não é uma promessa. E não se aplica a tudo na vida. É uma aplicação da sabedoria. No caso de Provérbios, é de inspiração divina e, portanto, são conselhos do Senhor. Seguir a sabedoria de Provérbios é buscar o temor do Senhor (1.7).

O provérbio poético que estamos à meditar mostra que a verdadeira sabedoria consiste em cultivar uma amizade valiosa para todos os momentos da vida.

O amigo ama em todo o tempo

Amigo é, muitas vezes, traduzido em Provérbios como companheiro ou próximo. Boas amizades são elogiadas como um sinal de sabedoria. Quem tem amigos é elogiado. Porém, fugir dos falsos amigos também é sabedoria.

Em 4.14-17, Salomão nos ensina a fugirmos, evitar e desviar do caminho dos perversos. Obedecer a esse ensino redunda em bênçãos do Senhor (v.14).

Noutra ocasião, Salomão fala dos falsos amigos como aproveitadores. Em 19.4, diz: “As riquezas multiplicam os amigos”. Ou seja, ele fala de “amigos” que só se relacionam com outros por interesse. Da mesma forma, em 19.4 temos: “todos são amigos do que dá presentes”. Há pessoas que se aproximam de nós com interesses próprios, sem altruísmo. Você é assim?

Salomão nos convida a refletir sobre a verdadeira amizade. Amigo de verdade é aquele que ama em todo o tempo. É aquele que ama, não aquele que está procurando ser amado e benquisto.

Amigo é aquele que “reconhece o valor e a dignidade daquele com o qual ele deseja estar em todo o tempo”. Você reconhece o valor daqueles que chama de amigos? Ou o valor delas está no que elas fazem por você? “Ah, gosto do irmão fulano porque se preocupa comigo”; “sou amigo de sicrano porque é uma pessoa tão boa pra mim!”. E você? Que tipo de amigo você é? Você ama incondicionalmente seus amigos?

Frodo estava cansado e estressado. Seja pela viagem à pé até Mordor, a fim de destruir o Um Anel, seja por já sentir o peso de carregar o anel. Num dado momento, Frodo se volta contra o seu amigo e companheiro de viagem, Sam. Enquanto segura a espada contra contra Sam, este diz:
— "Sou eu, o Sam. Não reconhece mais o Sam." E Frodo joga a espada e se joga para trás. Então Frodo diz: — "Eu não posso fazer isso, Sam."
— "Eu sei", diz Sam, "está tudo errado. Nós nem deveríamos estar aqui. Mas estamos. É como nas grandes histórias sr. Frodo. As realmente importantes. Eram cheias de perigo e escuridão. E às vezes nem se queria saber o final. Por que como o fim poderia ser feliz? Como o mundo poderia voltar a ser o que sempre foi quando tanta coisa ruim acontecia? Mas no final é algo que passará, essa sombra, até mesmo a escuridão acabará. Um novo dia virá. E quando o sol nascer ele brilhará ainda mais. Essas eram as histórias que ficavam com a gente, que significavam alguma coisa, mesmo quando  eu era pequeno demais para entender por quê. Mas eu acho, sr. Frodo, que eu entendo. Agora eu já sei. As pessoas daquelas histórias tiveram muitas chances para desistir, mas não desistiram. Elas foram em frente porque estavam se agarrando a alguma coisa."
— "A que estamos nos agarrando, Sam?", questiona Frodo. Sam levanta Frodo e responde: — "Que há algo de bom neste mundo, sr. Frodo. Algo pelo
qual vale a pena lutar."

Em algum momento você irá sofrer algo do seu “amigo”, se é que isso já não aconteceu. Como você responderá a isso? Deixará de amá-lo? O amigo ama em todo o tempo, circunstâncias ou distâncias (como nessa pandemia do coronavírus). Ainda vai buscar o bem dele(a)? Ou você é do tipo que diz: “Ah, se não quer minha amizade, paciência!” ou que, ao sofrer alguma chateação não quer mais saber de aproximação? Seja o tipo de amigo que ama em todo tempo.

Todo tempo inclui adversidades

No paralelismo de Pv 17.17, temos:
        “Em todo o tempo ama ao amigo,
        e na angústia se faz o irmão.”

Em todo o tempo está em paralelo com na angústia. O amigo está em paralelo com se faz o irmão. Ou seja, o amigo ama em todo tempo e isso inclui adversidades. 

Não é incomum que aqueles que chamamos de amigos se distanciam quando as coisas não vão bem. Mas há aqueles que vão além. Eles são amáveis, preocupados, interessados no bem estar dos outros, oram… em todo tempo. Inclusive na adversidade.

Jesus é esse tipo de amigo. Ele ama tanto que deu sua própria vida pelos amigos, aqueles que nEle creem. Ele deu Sua vida para que, em momentos difíceis, saibamos que Ele está conosco. Isso é amizade.

A amizade que Deus espera de nós é aquela capaz de apoiar nossos irmãos em dias assim. Nossos amigos carecem de encorajamento, ânimo; uma palavra de esperança. É aí onde nasce um irmão, mais do que um amigo.

A expressão se faz um irmão significa literalmente nasce um irmão. Os verdadeiros amigos são irmãos, quase que de sangue mesmo. É família. Porque esse amigo nos ama em todo tempo, em momentos bons e maus.

Esse provérbio é um incentivo para termos amigos. Fomos criados para nos relacionar. Precisamos ter alguém para compartilhar a vida, os momentos bons e maus também. Durante essa pandemia, ter amigos faz toda a diferença. Infelizmente, amizade hoje foi reduzida à ter seguidores numa rede social. As relações, portanto, são meramente com base em postagens e comentários, mas não em compartilhamento da vida.

Outro fator que tem atrapalhado o surgimento de amizades é o isolacionismo. Não é de hoje que muitos se isolam, não querem conversar nem compartilhar nada com ninguém. Esse isolacionismo tem provocado doenças seríssimas em nossa geração. Muitos perdem até o sentido de viver, porque não tem alguém para conversar e ser amigo. Deus mandou que povoássemos a terra e, creio, uma das razões é para que nos relacionemos uns com os outros. “Não é bom que o homem esteja só”, disse Deus no início. Gente precisa de gente. E Deus nos dá amigos para nos ajudar a crescer, que oram por nós, que nos consolam, que nos repreendem… Porém, devemos ser esse tipo de amigo também.

No fim da triologia de O Senhor dos Anéis, quando Frodo não tem mais forças para carregar o anel, por estar cansado demais, Sam diz: —"Vamos Sr. Frodo, eu não posso carregá-lo pelo senhor, mas posso carregar o senhor!” E o coloca em seus ombros subindo a montanha de Mordor.

Os verdadeiros amigos são aqueles que nos carregarão nos ombros em momentos difíceis; que nos ajudam a carregar o fardo pesado no mundo. É esse tipo de amigo que Deus espera que sejamos.

Portanto, faça amizades. Escolha pessoas para andar com você, orar, incentivar, cuidar, conversar, desabafar, chorar, sorrir… Invista tempo para cuidar de seus irmãos. Quando você se isola, você peca, pois não está ativo em prol dos outros. Então, seja amigo. Seja um irmão.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Ebook gratuito: A Novela da Redenção



Em 2017 ministrei uma série de pregações no livro de Rute na igreja que pastoreio. Incentivado por minha esposa, decidi publicá-las em formato de ebook. Você pode baixar gratuitamente através do link abaixo. Esteja à vontade para compartilhar.

Baixe AQUI

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Canção de quem chora

Jeremias Lamentando a Destruição de Jerusalém (por Rembrandt, 1630)

Eu irei chorar

Como quem viu seu povo
Sofrer as dores do juízo
E chorou de tão aflito
Esperando um renovo

Eu irei chorar

Olhando as notícias
O assombro sobreveio
Eu sei em Quem creio
Mas choro nesses dias

Eu irei chorar

Mas em Ti esperarei
No controle Tu estás
Não me deixará jamais
Não me desesperarei

Eu irei chorar
Mas vou confiar

#SalmosDoIsolamento #VersosDeQuarentena

sábado, 14 de março de 2020

Egolatria: "Espelho, espelho meu, há alguém mais importante do que eu?"


Quando pensamos em idolatria logo nos vem à mente estátuas, quadros ou qualquer outro tipo de objeto considerado sacro por alguns. Mas, a idolatria não diz respeito à, necessariamente, fatores externos. Ela começa no coração (Ez 14.3).

A palavra ídolo, conforme aparece na Bíblia (e.g. Gn 31.19; Jz 17.5), tem a ideia de uma imagem usada para o culto. Já a palavra idolatria aparece com o sentido de iniquidade (1Sm 15.23). Essa iniquidade nasce no coração humano (Jó 4.8). Dessa forma, idolatria é uma imagem pecaminosa que criamos em nosso coração e não externamente. É algo dentro de nós, não fora de nós.

Um ídolo é qualquer coisa que centralizamos em nossa vida e que não seja o Deus da Bíblia. É aquilo (ou quem) faz sua vida valer a pena; que você coloca sua esperança ou confiança; que ocupa a posição mais sagrada na sua vida.

Um ídolo pode ser qualquer coisa, inclusive você mesmo.

Talvez o ídolo mais amado do mundo seja o eu (ego). Muitos vivem como se fossem o centro de tudo o que existe. A egolatria nos faz pensarmos de nós mesmos além do que convém (Rm 12.3); faz-nos pensar mais em nossa autoestima do que estimar os outros; faz-nos focar mais em nós mesmos do que em Deus; valorizamos mais a autoimagem do que a imagem de Deus em nós e no outro.

Vamos colocar tudo isso em termos práticos. A egolatria está em evidência em nossos dias. A internet está aí para provar. Muitos têm cultuado a si mesmo em suas redes sociais. Não é incomum moças postarem fotos com os dizeres "feia, mas tá valendo", só para que alguém comente o contrário. Rapazes fazem algo semelhante ao postarem fotos sem camisa, depois de dois dias fazendo academia. Muitos não conseguem viver sem se "Instagramear", como revela o cantor/compositor Tiago Iorc em Sol Que Faltava.

Darei outro exemplo com um questionamento. Por que você veste o que veste? Algumas pessoas vestem determinadas roupas com o fim de serem notadas e elogiadas. Transforme outras coisas em “por quês?” e responda sinceramente sobre as motivações de seu coração. Quando fazemos as coisas para sermos notados, isso é uma forma de idolatria, ou seja, egolatria. Um ególatra quer ser plenamente satisfeito com sua própria imagem.

Quando algo criado se torna o desejo derradeiro do coração, a glória de Deus é trocada. Se desejamos satisfazer-nos a nós mesmos mais do que tudo, trocamos a glória divina pela humana (Rm 1.23). Portanto, cuide de seu coração e não confie em si mesmo. Não somos mais importantes do que tudo. Nossas vidas não devem servir para contar nossas histórias, mas a história de Deus.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Os meios para a unidade da igreja - Filipenses 2.3,4



"3 Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. 4 Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros." Filipenses 2:3-4 (ARA)

Recapitulação. Vimos os motivos (“por quê?”) para a unidade (2.1) e as marcas (“o que é?”) da unidade (2.2) .  Hoje falaremos sobre os meios (“como?”) para a unidade. Paulo é muito direto e prático aqui. O ensino é muito simples. Responderemos a questão “Como podemos manter a unidade?”

1. Não faça nada por partidarismo (v.3)

“Nada façais por partidarismo”

Estamos em época de campanha eleitoral. Nesse período é comum vermos campanhas serem realizadas de maneira desleal: candidatos tentando ser eleitos pisando em seus adversários políticos. Isso é motivado por uma atitude que o apóstolo Paulo chama de partidarismo. É um tipo de egoísmo que leva alguém a brigar, incomodar, discutir, disputar. A Bíblia chama àqueles que se comportam dessa maneira de "facciosos" (Rm 2.8; Tg 3.14,16), tendo em vista sua especialidade em fazer confusão e causar divisão no corpo de Cristo.

Partidarismo é uma das obras da carne (Gl 5.20 ["discórdias"]). É uma "ambição que não tem nenhuma noção de serviço e cujos objetivos são o lucro e o poder" (Reinecker e Rogers). Em outras palavras, um "partidarista" ou "faccioso" faz tudo para obter algum benefício, mesmo que isso significa dividir o corpo de Cristo. É vencer pisando nos outros, disse John MacArthur.

É uma busca pelos próprios interesses. Isso é um coração egoísta. Essa busca por interesses próprios e egoístas geram, em nós, um espírito de divisão. Como assim? O egoísmo na igreja gera a vontade de EU criar o meu próprio grupo que atenda aos MEUS interesses. Não é por acaso, por exemplo, que temos tantas e tantas igrejas no mundo. Um irmão não gosta do pastor ou tem problema com algum irmão, nada acontece do jeito que ele quer e, a primeira coisa que ele faz é criar o seu próprio grupo. Surge, então, uma nova igreja. A igreja terá um nome bonito: Batista Num Sei das Quantas, Pentecostal de Num Seu o Quê, Congregação Sei Lá de Onde; mas deveria se chamar: Igreja Fundamentada no Partidarismo.

Agora, é possível que uma igreja já seja dividida sem, necessariamente, ser separada fisicamente. Os crentes vivem juntos, ou melhor, próximos, se reúnem, mas vivem por setores. O apóstolo Paulo chama isso de divisões partidárias (cf. 1Co 1.10).

Quando você quer que as coisas funcionem sempre do seu jeito, você, além de ser egoísta, quer ser o dono da igreja. Certo pastor disse o seguinte: 

“Se na sua igreja há alguém que diz como a igreja deve ser, como o pastor deve ser, como o diácono deve ser, como o louvor deve ser, como as programações especiais devem ser, como a disciplina eclesiástica deve ser, como o trabalho de missões deve ser e que se irrita quando as coisas não são como ele acha que deve ser, a sua igreja tem um dono, e este não é Jesus.” (1) 

O mandamento bíblico é claro: Não façam nada por partidarismo (ambição egoísta que leva à discórdia e divisão).

2. Não faça nada por vanglória

“Nada façais por partidarismo ou vanglória”

O apóstolo Paulo inclui outra atitude ruim que deve ser eliminada da igreja ou, ao menos, não deve nem chegar perto: a vanglória. O que é vanglória? No texto grego, temos aqui a junção de duas palavras: kenodoxia (kenos [vazio]  + doxa [glória]), cujo significado literal é louvor vazio ou (como foi traduzido no português) vanglória. 

É uma busca por glória pessoal. Note que ela está relacionada à ambição egoísta, própria do partidarismo. A vanglória é a ilusão de achar que sou digno de glória. É um desejo de ser grande e notável. É a ilusão de ser o que não realmente não sou, por isso que Paulo chama de glória vã; inútil. 

Aqui precisamos ter muito cuidado. A vanglória revela uma intenção ainda maior em nosso coração. A vanglória nos faz sermos soberbos e presunçosos. Nos achamos grandes demais. Paulo disse, noutro contexto, que não devemos pensar acerca de nós mesmos além do que convém. Mas, como disse, a vanglória revela uma intenção ainda maior em nosso coração: usurpar a glória de Deus. 

Paulo fala bastante sobre glória em Filipenses. Vejamos: 1.11; 2.11; 4.19,20. Essas passagens revelam que nossas vidas devem glorificar a Deus, Aquele que merece. Por isso devemos ter cuidado com a vanglória, pois ela constitui-se uma tentativa de “roubar a cena” de Deus. É dele a glória.  

Cabe para nós o exemplo de Cristo (falaremos mais sobre isso noutra mensagem). Cristo se esvaziou (kenosis) a si mesmo (v.7). Ora, nós já somos “vazios”, pois não podemos diminuir ainda mais o que já somos. Mas Cristo se esvaziou de sua glória por nós. O exemplo que devemos seguir aqui é o de não querermos ter como “usurpação o ser igual  a Deus” (v.6), mas sermos o que devemos ser: servos.

A vanglória se manifesta quando queremos mostrar para as pessoas o que "fazemos para Deus" com o intuito de sermos visto por eles. Jesus censurou isso em Mt 6. "Ao dar esmolas, ao jejuar e ao orar, não façam para aparecer, mas façam para o Pai, que vê em secreto". Se queremos que as pessoas aplaudam o que fazemos, receberemos delas os elogios. Mas não recebemos do Senhor. E, ainda, tiramos Deus do foco e nos colocamos no centro das atenções. 

Ainda, não devemos fazer as coisas por vanglória. Mesmo porque nós somos servos uns dos outros e não senhores uns dos outros. Não tratemos os outros como inferiores a nós.

Paulo diz: “Não façam nada por partidarismo ou vanglória.

3. Faça tudo humildemente (v.3)

“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade”

Perceba que está tudo interligado aqui. A humildade é completamente diferente do sentimento faccioso (partidarista) e vanglorioso. A humildade, usando o subtitulo de um livro, é a Verdadeira Grandeza

Jesus é especialista nessa temática. Ele disse: “"Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração" (Mt 11.29). Humildade é ter uma opinião modesta de si mesmo. É não pensar de si mesmo além do que convém. Jesus era assim. E nos ensinou que também devemos ser assim. Veja Mc 10.35-45. “Se alguém quiser ser grande, seja servo dos outros”. A humildade é a verdadeira grandeza.

A humildade não era vista, no mundo grego, como uma virtude. Essa palavra era utilizada para se referir a uma pessoa insignificante. Jesus a utiliza para mostrar sua condição de servo dos outros. Uma pessoa humilde está pronto para servir ao outro. E considera os outros superiores a si mesmo (v.3)

Como podemos vivenciar essa humildade? Cito aqui um trecho do livro que tenho lido sobre humildade:

Bryce, um piedoso adolescente, honra seus pais e cuida de seus irmãos mais novos - incluindo seu irmão Eric, que sofre de autismo.
Theresa, uma mulher solteira, dona de uma gargalhada contagiante, serve alegremente a numerosas famílias em nossa igreja.
Trey, um pastor amigo meu, serve como pastor auxiliar de seu filho, Rich.
Eric, um bem-sucedido homem de negócios, todos os domingos, trabalha como voluntário em nossa igreja estacionando carros.
Minha filha, Kristin, trabalha incansavelmente em sua casa, cuidando de seu esposo, Brian, e de seus três filhos.
Dick, um homem solteiro, trabalha na agência dos correios e leva uma vida simples, a fim de contribuir generosamente com famílias que adotam crianças.
Ken, um pai que abandonou o trabalho, e tudo com o que estava acostumado, a fim de se mudar com sua família para outra parte do país onde congregariam numa igreja mais forte.
Bernie e Pearl, um casal com cerca de oitenta anos que, apesar dos muitos problemas de saúde, se dedicavam de corpo e alma ao pequeno grupo que Bernie liderava. Agora, eles estão se regozijando com nosso Salvador. (2) 

Isso é humildade. É assim que devemos ser. Pessoas que se importam com os outros, em servir aos outros e não desejam ser grandes em relação aos outros.

4. Não busque apenas seus interesses (v.4)

“Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, 
senão também cada qual o que é dos outros.”

Aqui Paulo mostra como mantemos a unidade em humildade. Ele nos chama para o altruísmo. O que isso significa? É o contrário de egoísmo. Fazer as coisas por interesse e si mesmo. Nós devemos nos importar com os outros.

Ilustração: 

Sujeitinho Egoísta
Uma instituição de caridade nunca tinha recebido uma doação de um dos advogados mais ricos da cidade.
O diretor da instituição decidiu ele mesmo ir falar com o advogado:
- Sabemos que o senhor é um dos advogados mais bem sucedidos desta cidade, que ganha muito bem... com sua licença, gostaríamos de pedir-lhe que faça uma doação para nossa caridade.
O advogado respondeu:
- Sim, é verdade que eu ganho muito bem. Mas o senhor também sabia que minha mãe esta muito doente e que as contas médicas são muito superiores a renda anual dela?
- Ah, não! murmurou o diretor.
- E que eu tenho um irmão cego e desempregado? E que o marido da minha irmã morreu num acidente e deixou ela sem um tostão e com 5 filhos menores para criar?
O diretor, constrangido, falou:
- Eu não tinha a menor ideia de tudo isso...
Então, disse o advogado:
- se eu não dou um tostão para eles, por que iria dar algum a vocês?

Buscamos responder aqui a questão: Quais os meios para a unidade da igreja? Como podemos ser unidos? Não faça nada por partidarismo (v.3); Não faça nada por vanglória; Faça tudo humildemente (v.3); Não busque apenas seus interesses (v.4).
Que Deus abençoe a nossa união. Amém!


Notas:
(1) https://www.facebook.com/antonio.neto.3745/posts/1527375950718570?__tn__=-R
(2) C.J. Mahaney. Humildade: a verdadeira grandeza. São José dos Campos-SP: Editora Fiel, 2008, p.41-42.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Rute: A novela da Redenção - Ep.01

Ep.01 | Misericórdia e lealdade em meio a tragédia (1.1-22)


Hoje iniciaremos uma série de mensagens no livro de Rute. Na verdade, começaremos a assistir [ouvir] uma novela: A Novela da Redenção no Livro de Rute. Uma história em quatro episódios. Talvez você compreenda novela em termos de televisão, apenas. No entanto, novela é um gênero literário muito utilizado por escritores, inclusive os escritores bíblicos. 

Novela é um gênero que contém uma breve história, com alguns episódios até atingir um desfecho, cujo objetivo é nos trazer uma lição. Veremos que nessa novela há a seguinte sequência: um problema (tragédia familiar), mais problemas, princípio de resolução do problema e desfecho com a resolução de todos os problemas. 

Aqueles que amam ler ou assistir romances irão amar o livro de Rute, pois aborda a relação romântica entre um homem e uma mulher. Há também o suspense e uma situação em que parece não haver solução. Também é uma história marcada por heroísmo. Mas, o principal objetivo dessa história é mostrar como a novela de Rute está relacionada com a história da nossa redenção.

Vejamos, então, o que nos reserva o primeiro episódio dessa novela.


Um período sombrio (vv. 1-5).

O verso um nos diz que os eventos a seguir ocorrem no período dos juízes, aqueles que julgaram Israel no período entre a morte de Josué e a coroação de Saul como rei. Certamente você deve se lembrar de como era essa época. O último versículo de Juízes diz: 

“Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (Jz 21.25; cf. 17.6).

O livro de Juízes nos mostra o povo na terra de Canaã se prostituindo ao seguir outros deuses. Deus havia ordenado ao povo que, ao entrar na terra, expulsassem todos os moradores de lá para que não caíssem na idolatria deles. Mas o povo desobedeceu. Dessa forma, Deus enviava inimigos à Israel, o povo clamava pelo Senhor e Deus suscitava juízes para livrar o povo. Este era o ciclo desse período sombrio.

Assim, o livro de Rute tem como contexto histórico a época dos juízes, em que o povo de Deus O desprezava seguindo outros deuses, quebrava Suas leis e rejeitavam ao Senhor. Porém, embora o livro retrate a época dos juízes de Israel, a obra foi escrita depois dessa época, provavelmente durante o reinado de Davi (cf. 4.13ss). O escritor do livro é incerto, embora a Bíblia judaica apresente o profeta Samuel como provável autor.


Fome e Dor

O verso um, ainda, nos diz que houve fome na terra. Trata-se da terra de Judá e não em todo o planeta Terra, mesmo porque o refúgio daquela família seria a terra de Moabe, onde teria mantimento. Não temos aqui - especificado – se essa fome era um castigo de Deus ao povo de Judá. Mas olhemos para o que diz Levítico 26.3-4: 

3 Se andardes nos meus estatutos, guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes, 4 então, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua messe, e a árvore do campo, o seu fruto”.

Ao que parece, tal fome é a mão pesada de Deus sobre um povo desobediente. Escassez de chuvas – nós nordestinos sabemos bem disso – resulta em grande tragédia na terra. Foi o que aconteceu naqueles dias.

Em razão da fome, Elimeleque, sua esposa Noemi e seus filhos Malom e Quiliom (v.2) resolveram sair de Belém de Judá (9 km de Jerusalém) para ir até Moabe, uma terra pagã que oprimiu Israel por 18 anos durante o período dos juízes (cf. 3.12-30). Naquela circunstância Deus usou Eúde para matar Eglon (rei gordo de Moabe) com um punhal. 

Para piorar a situação, além de ser uma época de apostasia e desprezo às leis de Deus, da fome que assola a terra dos hebreus e a viajem a outra terra, o marido de Noemi morre (v.3). Aqui está Noemi, viúva e com dois filhos em terra estrangeira. Poderia piorar?

A segunda geração da família (Malon e Quilion) se casa com mulheres estrangeiras, moabitas: Orfa e Rute (v.4), o que era proibido na lei de Deus (Dt 7.1-4). Após dez anos os filhos de Noemi morrem (v.5). O texto não explicita, mas fica-nos uma pergunta no ar: seria tudo isso, ainda, a mão do Senhor pesando sobre aquela família por misturar-se com povo estrangeiro? Não está claro. Porém, em meio a toda essa tragédia, percebemos o agir de Deus em prol do Seu povo e a realização do Seu plano redentivo.

No verso 5, final da introdução do livro, temos a situação em que Noemi se encontra: desamparada dos filhos e do marido. É assim que se inicia esta novela, num período sombrio, em meio a fome e a dor do luto. O que virá diante dessa tragédia?


Lealdade a caminho de Belém (vv. 6-18).

Noemi e suas noras resolvem voltar para Belém (“casa de pão”) de Judá, pois Deus se lembrou do seu povo, dando-lhe pão (v.6). Aos poucos o Autor da Novela vai mudando o ruma da trama. Nesta cena notamos as tentativas de Noemi de despedir suas noras Orfa e Rute, incentivando-as a voltarem para Moabe.

Na primeira tentativa (vv.7-10) Noemi pede que elas voltem e ora para que o Senhor seja misericordioso com elas, como elas foram com sua sogra. A ideia de Noemi era: “Vão e sejam felizes, vocês já fizeram muito por mim”. Mas elas se recusam a voltar e querem ir com Noemi.

Na segunda tentativa (vv.11-14) Noemi argumenta que ela não tem nada para oferecer à suas noras. O costume do povo hebreu, tendo como base Deuteronômio 25.5-10, era que quando o marido morresse seu irmão ou parente próximo se casaria com a viúva para continuar o nome do falecido. Quando Noemi diz que não tem filhos para se casar com suas noras, está se referindo a esse costume. Para Noemi, o nome de sua família “já era”. Suas noras poderiam casar-se novamente em Moabe, mas ela não tinha nada a lhes oferecer. O que restava para alguém na condição de Noemi era a mendicância.

A única coisa que Noemi tem, naquele momento é amargura (v.13), mas ela não queria compartilhar isso com suas noras. Orfa a deixou, mas “Rute se apegou a ela” (v.14). Rute se apegou a Noemi mesmo quando esta não tinha nada a lhe oferecer.

Na terceira tentativa (vv.15-18) Noemi pede a Rute que faça o mesmo que Orfa, ou seja, que volte para o seu povo e para os seus deuses (v.15). Aqui notamos a conversão sincera de Rute. Ela rejeitou o deus moabita (Quemos) e se voltou para o Deus de Noemi, Javé (v.17).

Lembremos que a conversão no AT é relatada de uma maneira diferente do NT, embora seja da mesma forma, pela fé. Primeiramente, Rute declarou que faria parte do povo de Israel, o povo da Aliança (v.16). Isso caracterizava a sua crença igual a dos hebreus. Em segundo lugar, Rute demonstra sua fidelidade ao Senhor ao querer estar na terra da promessa (v.17), assim como José, no Egito, quando pediu para que seus ossos fossem sepultados em Canaã (Gn 50.25; Êx 13.19). Ela demonstrou ter a mesma fé que sua sogra. Em terceiro lugar, ela demonstrou sua fé ao escolher adorar Javé, o Deus de Noemi ao invés de Quemos (v.17). Temos aqui, portanto, um vislumbre do plano de Deus explicitado no NT com relação à salvação dos gentios.

É maravilhoso notar que Rute se apega a Noemi mesmo diante das expectativas ruins que ela tem acerca do futuro. Mesmo não tendo mais esperanças para o futuro, Rute decide ficar com sua sogra que nada lhe tinha a oferecer. Rute demonstra sua lealdade e misericórdia para alguém que estava no fundo do poço. 

Notamos também uma mulher de fé mesmo numa situação adversa. Rute poderia ter pensado: “Voltarei para minha casa, minha terra, meus parentes e amigos. Vou fazer o que na terra dos israelitas, com uma mulher que Deus abandonou?” Ao contrário disso, Rute disse a Noemi: “Não deixarei você. Seu Deus é meu também”. Fé, lealdade e misericórdia diante de uma grande crise.

Noemi demora para entender as coisas da perspectiva divina. Os versos 19-22 mostram que, na chegada a Belém, as pessoas perguntam por Noemi e ela diz: “Não me chamem de Noemi, mas de Mara” (amarga), pois o “Todo-Poderoso me tem afligido” (v.20, 21). Repare que Noemi não reclama de Deus, mas o chama de Todo-Poderoso, enfatizando a sua crença na soberania de Deus. Ela não está reclamando de sua situação diante das pessoas, mas enfatiza que Deus permitiu que ela assim estivesse. O que ela esqueceu é que Deus tem propósitos maiores na vida dos seus filhos.

Lembremos de José que teve sua vida virada de cabeça para baixo por causa da inveja de seus irmãos. Deus tinha planos maiores para a vida dele. Jó também foi provado mais do que qualquer um de nós, mas depois pôde dizer: “Antes eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos te vêem” (Jó 42.5). Lembremos também de nosso Senhor Jesus, mesmo sendo Deus suportou todo o sofrimento nesta terra porque tinha em vista o plano maior do Pai, a nossa salvação. Noemi sabia que era Deus agindo naquela situação, porém, sua amargura não a permitiu enxergar as coisas na perspectiva divina, entendendo que Deus tinha um plano maior em sua vida. Mal sabia ela o que o Senhor reservara para ela e Rute nos episódios seguintes. Mal sabia Rute o rumo que essa novela iria tomar graças ao seu gesto de misericórdia.


Conclusão

Algumas lições ficam claras nesse primeiro episódio. Primeiramente, Deus é soberano sobre tudo, e isto inclui o sofrimento. A fome e escassez, a viuvez e a morte dos filhos, o desamparo que afetou Noemi e suas noras estavam no plano de Deus. Da mesma maneira, momentos difíceis que passamos aqui estão em Seu plano eterno. Não sabemos os “por quês” e, creio, não precisamos saber. É preciso confiar em Sua soberania.

Talvez o seu problema esteja relacionado à falta de dinheiro ou de mantimentos; as coisas andam ruins em sua família; ao que parece, o Todo-Poderoso tem permitido você passar por um período amargo e você não entende porque isso está acontecendo em sua vida. Ainda assim, confie na soberania do Senhor pois Ele pode estar preparando algo maravilhoso para a sua vida.

Quando nos cercar o mal, se rugir o temporal, 
Em Jesus vou confiar, Ele nunca vai falhar. 
Quando a dor ou aflição vem turbar meu coração,
É preciso confiar e nunca duvidar. 

Pois é perfeito o Seu caminho. 
Nem sempre entenderei, porém, O seguirei. 
Pois é perfeito, o Seu caminho. 
Faze, ó Deus, de mim um vaso puro, sim. 
Erros Deus não faz; Pois me dá paz.
(Hino 321, Voz de Melodia)

Em meio a tragédia, podemos confiar nos planos de Deus, pois Seu caminho é perfeito.

A segunda lição que quero deixar é que devemos ter um coração misericordioso e bondoso como o de Rute. Ela sabia que não teria nada de Noemi pois sua situação era miserável. Ainda assim Rute se apegou a ela e não quis deixá-la só, mesmo que isso custasse viver ambas na miséria como indigentes. Rute não quis deixar Noemi. Precisamos ter um coração como o de Rute.

Geralmente nos aproximamos das pessoas esperando que isso nos traga algum benefício ou que se adeque aos “meus interesses”. Fazemos o bem esperando ser recompensados. A parábola do Bom Samaritano ilustra bem o dever de fazer o bem de forma desinteressada, sem querer nada em troca. Isso é o que Deus requer de nós.

Em terceiro lugar, a história de Noemi e Rute nos ensina sobre o valor da amizade em dias ruins. Rute não desistiu de estar com Noemi e apoiá-la quando ela estava vivendo em amargura. “Em todo o tempo ama o amigo e na angústia se faz um irmão” (Pv 17.17). Precisamos ser amigáveis como Rute e apoiar aqueles que precisam de nós em momentos difíceis.

Em quarto e último lugar, esse primeiro episódio nos ensina que nunca saberemos o que um gesto de misericórdia pode proporcionar ao futuro. Rute não tinha ideia de que aquele gesto seu para com Noemi fizesse com que ela fosse contada na linhagem do Messias (4.17-22; Mt 1). Isso me lembra da história de Sir Nicholas Winton, um homem que - em total silêncio e sem alarde - organizou o resgate e passagens para a Grã-Bretanha de cerca de 669 crianças judias da Tchecoslováquia, em sua maioria destinados aos campos de extermínio nazistas antes da Segunda Guerra Mundial.

Sir Nicholas nunca contou a ninguém o que tinha feito até a sua mulher, numa ida ao sótão, vários anos depois, ter descoberto o que ele fez e publicado suas ações. Em 1998, num programa da BBC, foi organizado um encontro dele com algumas pessoas salvas por ele. Num dado momento, foi pedido que todos os salvos por ele se levantassem na plateia. Várias pessoas se levantaram. Nicholas Withon, com seu ato de misericórdia, preservou a vida de centenas de pessoas e proporcionou o crescimento e surgimento de várias famílias. Ele jamais imaginaria que seu ato de misericórdia proporcionasse a ele, no futuro, ver tantas famílias que ele ajudou a preservar.

Sejamos bondosos e misericordiosos como foi Rute. Um pequeno gesto aqui pode fazer uma grande diferença lá na frente. Confiemos no Senhor mesmo em dias ruins. O melhor está por vir. Amém!

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Qual o remédio para a ansiedade?

Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus. - Filipenses 4:6-7

O jornal Estadão divulgou em janeiro de 2017 que o Brasil tem maior taxa de transtornos de ansiedade do mundo, segundo a OMS. De acordo com a pesquisa, o país ainda é o quinto em casos de depressão. Segundo a OMS, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população. Fatores socioeconômicos, como pobreza, desemprego, e ambientais como o estilo de vida em grandes cidades, pesam nesse cenário.

A simples ansiedade pode ser definida com o sentimento de quem vive no futuro, se preocupando com o que ainda estar para acontecer. Isso pode gerar desconforto, medo, vertigens, irritabilidade, insônia e vários outros sintomas. Pode também gerar problemas mais graves como depressão e ataque de pânico, por exemplo.

Qual o remédio para a ansiedade? A ansiedade tem sido tratada com medicamentos e/ou consultas em psicólogos e psiquiatras. Quando alguém se sente ansioso logo procura um “profissional da área”, alguém que entenda da “alma”. Mas o que a Bíblia pode nos dizer a respeito? Será que existe um bom remédio para quem está ansioso com o amanhã?

O apóstolo Paulo nos mostra, em Fp 4.6,7 (Ler), que a oração é o remédio para a ansiedade. Ele nos diz para não andarmos ansiosos de coisa alguma. A palavra andar ansioso (em grego é uma palavra) significa estar preocupado. Pelo que não devemos estar preocupados? Por nada. É isso que significa coisa alguma. 

Por que não devemos andar ansiosos? Em primeiro lugar, embora seja algo comum em nós, as preocupações atestam nossa falta de confiança na sabedoria, na soberania e no poder de Deus. Não precisamos saber como será o nosso futuro, como disse certo pastor, basta confiar naquele que o controla. 

Em segundo lugar, não podemos acrescentar nada à vida com nossas preocupações. Em Mateus 6.27, o Senhor Jesus questionou seus discípulos sobre a ansiedade: “Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?” (NVI). 

Quando somos tentados a carregar o peso das preocupações em nossos ombros frágeis e humanos, lembremos que o melhor remédio que temos a nossa disposição para lutarmos contra a ansiedade é a oração. Leve tudo a Deus em oração (v.6), é o que diz o apóstolo. 

“em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica”. Há algo de maravilho demais nessa frase. Quando oramos, nos colocamos diante do Senhor, tal qual um súdito na presença do seu rei soberano. A oração é o lugar que nos faz estar diante de Deus. Portanto, Deus está em Seu santo trono à disposição de nos ouvir, sejam quais forem as petições.

“em tudo” [...] “com ações de graças”. Essa frase indica que devemos orar em gratidão em todas as situações da vida, quer sejam agradáveis ou adversas (cf 1Ts 5.18). Paulo fala em toda a epístola sobre alegria, sobre viver contente em qualquer situação.  Orar em gratidão é reconhecer que em toda e qualquer circunstância Deus é bom. 

Em 2.14 Paulo diz: "Fazei tudo sem murmurações". A palavra murmuração indica resmungo ou um desprazer secreto e não declarado abertamente. É o contrário de ser satisfeito em Deus. Muitas vezes, repito, muitas vezes, só estamos contentes quando nossas circunstâncias "favorecem". É fácil estar contente quando se tem um ótimo salário, quando se tem uma ótima casa, quando se tem todos os amigos à sua disposição, quando não há conflitos no lar, quando os filhos são obedientes, quando o emprego é o emprego dos sonhos... Seríamos gratos a Deus quando não temos tudo isso? Ou quando nos falta muitas delas? Paulo diz: “aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (v.11) e por isso ele  disse: “tudo posso naquele que me fortalece” (v.13).

Mesmo quando as coisas não vão bem e estamos ao ponto de mergulhar no mar da ansiedade, devemos orar em gratidão pois temos Alguém que nos ouve e que não nos deixa sós em nenhum momento. O melhor remédio para a ansiedade é a oração.

O remédio prescrito pelo por Paulo traz um ótimo resultado. Somos guardados pelo Deus da paz (v.7). Ele guarda nosso coração e nossa mente em Cristo com sua paz. Nos mostra que a melhor maneira de lidar com as preocupações e não carregá-las conosco, mas lançar sobre Ele, pois Ele tem cuidado de nós (1Pe 5.7). Conforme nos diz o hino, perdemos a paz muitas vezes porque não oramos:

Oh, que paz perdemos sempre
Oh, que dor no coração
Só porque nós não levamos
Tudo a Deus em oração

O que você fará a partir de hoje quando a ansiedade ou preocupação vier? Irá chorar sozinho para que ninguém veja? Vai se consultar com algum médico, antes de ir a Jesus? Você carregará o fardo sozinho, tendo pessoas a sua disposição para lhe ajudar e Deus em seu trono para te ouvir? Você vai confiar em Deus mesmo quando o mundo estiver desmoronando ao seu redor?