O primeiro Dia de Ação de Graças foi celebrado em 1620 em Plymouth, Massachusetts. Depois das colheitas terem sido gravemente prejudicadas pelo Inverno rigoroso, os colonos tiveram uma boa colheita de milho no Verão seguinte, em 1621. Para marcar e celebrar a ocasião depois de sucessivos anos complicados em relação à agricultura, o governador da vila resolveu organizar uma festa no Outono de 1621. Nessa festa participaram cerca de 90 índios e comeram patos, perus, peixes e milho. A partir desse ano, na Nova Inglaterra, em cada Outono era organizada uma festa de gratidão a Deus, por causa das boas colheitas.
Em 1863, Abraham Lincoln anunciou que a quarta quinta-feira de Novembro seria conhecida como o Dia Nacional de Ação de Graças. Hoje o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day) é um feriado celebrado maioritariamente nos Estados Unidos e Canadá. Nos Estados Unidos é celebrado na quarta Quinta-feira de Novembro, e no Canadá, na segunda Segunda-feira de Outubro.
No Brasil, o então presidente Gaspar Dutra instituiu o Dia Nacional de Ação de Graças, por sugestão do embaixador Joaquim Nabuco, entusiasmado com as comemorações que vira em 1909, na Catedral de São Patrício, quando era embaixador em Washington. Em 1966 estabeleceu-se que a comemoração de Ação de Graças se daria na quarta quinta-feira de novembro. Esta data é lembrada por muitas famílias de origem americana, por algumas denominações Cristãs Protestantes, como a Igreja Luterana IELB (de origem americana), a Igreja Presbiteriana, a Igreja Batista, a Igreja Metodista, universidades confessionais metodistas e cursos de inglês.
Creio que podemos e devemos incentivar uma data tão especial como essa em nossas igrejas, famílias e cidades. Gratidão é uma das coisas não tão comuns em nossos dias. Percebemos isso numa oração: “Pai, te peço pela minha família, minha casa, meus amigos, pela igreja, pelo pastor... te agradeço por tudo, em nome de Jesus. Amém!”
Devemos praticar mais a gratidão àquele que tudo nos dá. Reconhecer que tudo o que temos vem de Deus, não de nossos méritos. O dia de Ação de Graças nos lembra que Deus deve ser louvado pelo que Ele é e faz. Essa é a mensagem que quero deixar para vocês: O que Deus faz por nós deve nos levar a louvá-lo.
Veja o Salmo 147. Este salmo é um louvor a Deus pelo que Ele faz pelo Seu povo. O salmo está dividido em três estrofes. As três estrofes são introduzidas com os termos Louvai, Cantai e Louva. Dentro dessas três estrofes encontramos as razões porque devemos louvar ao Senhor. Há três atitudes de Deus que deve nos levar a louvá-lo: 1) Deus redime o seu povo; 2) Deus cuida do seu povo e 3) Deus dá paz ao seu povo.
1) Ele redime o seu povo (vv. 1-6).
É bem provável que este salmo tenha sido escrito no período pós-exílio, por conta do seu conteúdo. Sendo assim, quando o salmista diz que “O Senhor edifica Jerusalém e congrega os dispersos de Israel” (v. 2), ele está se referindo a ação misericordiosa de Deus em redimir o seu povo do cativeiro.
O salmista reconhece que a libertação do cativeiro foi um ato de bondade de Deus. Mesmo Ele sendo Grande (v. 5), ao ponto de saber o número exato de cada estrela que há no céu (v. 4) e tendo um entendimento imensurável (v. 5), Ele se importa com o seu povo.
Os deístas, em geral, acreditam que Deus criou o universo mas não interfere nEle. Aqui temos uma declaração forte do salmista: “O Deus poderoso, Criador de todas as coisas, se importa conosco”.
Não podemos nos esquecer diariamente da obra que Deus realizou em nossas vidas. Nós também estávamos presos num cativeiro. Um cativeiro de pecado, sem ter como fugir dele. Mas Ele graciosamente nos redimiu do pecado. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1:13). Isso é fantástico!
Isso deve ser motivo de gratidão em nossos corações todos os dias. É o que deve estar presente em nossas orações, nas músicas que cantamos, em nossas conversas, em nossas atitudes e em nossas pregações. Deus merece o nosso louvor, pois só a Ele pertence a salvação. Esse é o pensamento do salmista. Ele nos redimiu, como não louvá-lo?
Há um cântico que traz a bela mensagem:
“A ti dou graças, meu Senhor
Por todo o teu favor;
Tu viste o pecado meu,
Por mim deixaste o céu.
Te amo, ó Jesus Senhor,
Morreste Tu por mim.
Te dou, Senhor o meu amor,
És tudo para mim.”
Que belo hino! Sim, Deus se importa conosco. E isso ficou tão claro quando o Filho de Deus se fez carne e habitou entre um povo de impuros lábios, como diz Isaías. Ele deixou a sua glória para que nós pudéssemos ser redimidos do cativeiro. O que Deus faz por nós deve nos levar a louvá-lo. Como não agradecer pela preciosa salvação em Cristo? Demonstremos mais alegria e louvemos ao Senhor por ter nos redimido do pecado.
2) Deus cuida do seu povo (vv. 7-11).
O salmista agora olha para os eventos da natureza: os céus carregados de nuvens prontas para darem chuvas, que molha a terra e produz alimento que os seres precisam e diz: “Isso vem de Deus”.
Lembro-me de uma lição que aprendi no acampamento. Quando eu e minha família estávamos nos preparando para ir (organizando barracas, bolsas etc), fui verificar a previsão do tempo para Iguatu durante aqueles dias. A previsão dizia: “Sol com poucas nuvens”. Então pensei: “Ótimo, assim a gente pode colocar nossa barraca em baixo da árvore, próximo a quadra” (A barraca não suportaria uma chuva forte). A noite até estava tranquila, quando de repente acordei já com as pernas molhadas com a forte chuva. Que noite tensa! Depois lembrei-me: “Por mais que o tempo dê ‘sugestões’ de que não vai chover, Deus é quem manda no negócio”.
O salmista declara: é o Senhor quem “prepara a chuva”, não é só porque as nuvens ficam carregadas de água e depois de cheias elas derramam as águas. Além disso, tudo é para um fim: o nosso cuidado. Deus se agrada daqueles que o temem e esperam pela sua misericórdia (v. 11). A provisão é outro ato de misericórdia de Deus para nós.
Não podemos nos esquecer que Deus conhece nossas necessidades. Ele sabe de tudo o que precisamos.
Certo dia estava numa situação um pouco complicada. Eu tinha apenas vinte reais em casa, que deveria servir para comprar alimentos (estávamos praticamente sem nada) e comprar fraldas para a minha filha. Lembro-me de Elaine me perguntando: “Rubens, o que a gente faz? Até podemos pedir a ajuda dos nossos vizinhos [e iríamos fazer isso], mas Olívia está precisando de algumas coisas”. Durante todo o dia fiquei em oração a Deus. Foi quando meditei neste salmo. Como foi reconfortante! Eu tinha motivos para glorificar a Deus e não para ficar preocupado, pois Ele se agrada “dos que esperam pela sua misericórdia”. Lembro-me que o dia estava acabando e tinha acabado de orar, ler o salmo e fazer anotações. De repente chega um irmão em casa e diz: “Oi Rubens, saiba que eu e minha família estou orando pelo seu sustento. Vim te trazer um negócio”. Depois quando abri o papel tinha cem reais, e no papel estava escrito: “porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13.5). Aquele dia foi muito especial. Mas não acabou por aí. Depois uma irmã chegou lá em casa e trouxe algumas fraldas para a nossa filha. Elaine e eu ficamos muito maravilhados com aquilo que Deus tinha feito por nós. Depois compartilhei com ela o que tinha aprendido com o salmo 147. Durante a semana muita coisa aconteceu em nossas vidas. Sentimos como nunca o cuidado de Deus.
Ele cuida de nós, sabe as nossas necessidades. Ele não está aquém das nossas dificuldades. Ele se importa conosco. Louvado seja o Senhor! Ele merece o nosso louvor porque ele cuida de nós.
3) Deus dá paz ao seu povo (vv. 12-20).
A paz de Deus está intimamente ligada a sua proteção. O fato de Ele proteger o seu povo garante a paz. Ele fechou as portas de Jerusalém, mas não foi apenas uma fechada qualquer: “Ele reforçou as trancas das tuas portas”, diz o salmista (v. 13). A ideia é de que a segurança está garantida porque é Deus quem garante.
Os versos 15-18 nos mostram que cada detalhe “natural” e “sobrenatural” ocorre sob a sua supervisão. Ele domina sobre tudo. A sua soberania é uma garantia de que Ele promove a paz e segurança para o seu povo.
Israel foi um povo escolhido por Deus para receber os “oráculos de Deus” (Rm 3.1-2). Isso fazia deles um povo especial dentre os outros povos, visto que Deus se relacionou de forma particular com eles (vv. 19-20). Aqueles que ignoram os preceitos de Deus estão longe dEle, por isso, não estão seguros.
Podemos descansar em Deus, pois estamos seguros em suas mãos. Jesus disse: “estarei com vocês até a consumação dos séculos”. A sua presença é uma garantia de que não estamos sós, mas estamos seguros nele.
Devemos louvar a Deus com ações de graças por sua proteção diariamente. Temos que parar de nos queixarmos de coisas pequenas e agradecer porque Ele nos livra de situações muito piores.
Conclusão
Todas as coisas que Deus faz seu povo são atos de misericórdia e graça. Ele nos deus remissão dos pecados, o seu cuidado e a sua paz. Não merecemos o bem que vem dEle. O propósito de tudo é para que ele seja glorificado e exaltado. Devemos louvar a Deus em ações de graças pelo que Ele é e faz por nós.
Neste Dia de Ações de Graças lembre-se: “Seja grato ao Senhor todos os dias”. Faça de cada dia um dia de ações de graças a Deus.
Que o Senhor nos abençoe e que todo louvor seja dado a Ele. Amém!

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