quarta-feira, 8 de março de 2017

Lugar de mulher é onde Deus quer

Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; 
que se cumpra em mim conforme a tua palavra. 
E o anjo se ausentou dela (Lc 1:38).

É interessante notarmos como Maria recebeu a grandiosa missão de ser a mãe do Salvador. O anjo Gabriel ao se achegar para dar-lhe a notícia de que ela conceberia e daria a luz a Jesus, disse que ela havia recebido o favor de Deus (v.30), afinal, se tornaria a mãe do Filho do Altíssimo.

Mas, algo que deve nos encantar também é a forma como ela recebe a sua missão. Ela diz: "Estou aqui, faça-se conforme a tua palavra". Ela estava pronta, porque o lugar dela era onde Deus quisesse.

Recentemente uma expressão tem tomado força na mídia, especialmente nas mídias sociais, a ideia de que Lugar de Mulher é Onde Ela Quiser, rebatendo a ideias de que o lugar da mulher não se restringe à cozinha, por exemplo.

Deus estabeleceu papéis específicos para a mulher. Dessa forma, o seu lugar (assim como dos homens) não é onde ela quiser, mas onde Deus quer.

O que Deus requer da mulher? Que seja auxiliadora (Gn 2.18,20); que seja sábia (Pv 14.1); que seja uma esposa prudente (Pv 19.14); que seja virtuosa, batalhadora e tema ao Senhor (Pv 31.10ss); que sejam submissas ao marido, como a igreja é submissa a Cristo em temor a Deus (Ef 5.22,24); que andem piedosamente (1Tm 2.9).

Ao compreender essas verdades, você, mulher, deve ser como Maria e dizer: "Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra".

segunda-feira, 6 de março de 2017

Não parece, mas está no plano de Deus - Gênesis 37

Leia Gênesis 37

O plano de Deus é uma doutrina fundamental dentro da Teologia. A palavra do Senhor nos diz que Deus faz todas as coisas conforme o conselho de Sua vontade (Ef 1:11). O que significa plano de Deus? É a decisão eterna de Deus em tornar certa a concretização de todas as coisas. Creio, com base nas Escrituras, que tudo acontece por estar no plano de Deus. "Deus nada faz sem um plano ou razão", assim creio.

Sendo assim, iremos contemplar algumas verdades nas Escrituras acerca do plano de Deus. A partir da exposição de Gênesis 37 espero que compreendamos um pouco melhor acerca do plano eterno de Deus.

Leiamos os primeiros quatro versículos (vv. 1-4) para “visualizarmos” os personagens. 

1. Iniciamos com uma pausa. Esta é a história de Jacó (v.2). Perceba que a história de Jacó é narrada a partir do capítulo 25, em que Esaú vende o seu direito de primogenitura até o capítulo 35 em que narra os seus descendentes. O capítulo 36 é um “intervalo”, narrando os descendentes do irmão de Jacó, Esaú. Depois desse “intervalo”, Moisés (autor do livro de Gênesis) termina o relato no início do v.2 do capítulo 37. Jacó e sua família moravam na terra de Canaã, a terra que havia Deus havia prometido à Abrão e sua descendência (13:12,14,15). Mas, ainda não era o tempo de desfrutar daquela terra. Algumas coisas ainda teriam que acontecer.

2. José e seus irmãos apascentavam os rebanhos do pai. José era um jovem de 17 anos e que constantemente trazia “más notícias” dos seus irmãos ao seu pai. Há quem interprete esse relato como mexerico ou fofoca. A ideia seria a de que José fazia fofoca dos seus irmãos ao seu pai. Más notícias, dependendo do contexto, podem significar “mexerico, difamar ou má fama, infamar”. Neste contexto, no entanto, fica claro (ao meu ver) que José levava “más notícias” dos seus irmãos de coisas ilícitas que eles praticavam. Ao que parece, também, era algo que o pai pedia (v. 14).

3. Israel amava mais a José e, além disso, fez “uma túnica talar de mangas compridas”, era um "casaco multicolorido", ou "uma vestimenta cerimonial com ornamentos", como se fosse vestes reais, destinadas a um rei. Isso provocou a ira dos irmãos de José, os quais não tratavam mais com paz (v.4).

Iremos agora adentrar nos próximos versos e compreender um pouco acerca do plano de Deus.

I. Os sonhos de José e o plano de Deus (vv. 5-11).

Havia algo especial em José. Ele sonhava. Ah, mas todos nós sonhamos! A diferença é que os sonhos de José tinha um propósito especial: eles revelavam o plano de Deus. Os sonhos de José revelavam as coisas que iriam acontecer. 

O primeiro sonho de José: Ele e seus irmãos atavam/amarravam feixes/palhas. De repente, o feixe de José se levantou e os feixes de seus irmãos o rodearam e se inclinaram diante dele, como se inclina para um rei. Isso indicava o que aconteceria com José e seus irmãos. José estaria numa alta posição diante de seus irmãos, os quais iriam inclinar-se perante ele. Isso despertou ainda mais ódio de seus irmãos (v. 8).

O segundo sonho de José: O sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante ele. O sonho indica que o seu pai, sua mãe e seus onze irmãos se prostrariam perante José, como se prostra diante de um rei. Além do ódio de seus irmãos, José ganha repreensão de seu pai.

No entanto, chama-nos à atenção o v. 11. Os irmãos de José têm ciúmes dele, ao passo que o pai “considerava o caso consigo mesmo”. Embora tenha repreendido José, Jacó entende que aquilo deve significar alguma coisa. Ao menos ele passa a reconhecer que Deus pode estar querendo lhe mostrar algo naqueles sonhos de José. 

Deus havia feito uma aliança com Jacó, onde passou a ser chamado Israel. Deus prometeu lhe dar a terra que havia prometido aos seus pais Abraão e Isaque (35:10-12). Talvez Jacó tenha pensado acerca dessa promessa que Deus lhe fez e passou a juntar as peças do quebra-cabeças.

Então, perceba que o plano de Deus não acontece da maneira que gostaríamos, mas como ele quer. 

II. O plano de Deus não pode ser impedido (vv. 12-28).


José é enviado por seu pai para trazer notícias de seus irmãos enquanto estes estão apascentando o rebanho. Quando José está a caminho e é avistado por seus irmãos, logo tramam algo contra ele (v.18).
O plano inicial era matar José. Vejam a que ponto pode chegar o ódio, o ciúme e a inveja. Se cultivarmos em nosso coração tais sentimentos seremos capazes de praticar as mais terríveis atrocidades. Devemos ter cuidado com este tipo de sentimento. Aqueles homens chegaram a cogitar matar o próprio irmão.

A ideia era matar José, jogar num buraco e publicar a notícia de que ele havia sido morto por algum animal. Era uma tentativa de apagar aqueles sonhos de José (vv. 19-20). No entanto, o primogênito de Jacó, Rúben, um pouco mais sensato, não queria que lhe tirassem a vida. Mas, o jogassem num buraco no deserto. Na verdade, seu plano consistia em livrar José e leva-lo de volta para casa (v. 21-22).
A inveja fez com que os irmãos de José arrancassem dele suas finas roupas que ganhara do seu pai e o jogassem no buraco, equivalente a uma cacimba, mas sem água (v. 24).

Enquanto José está naquela cacimba, seus irmãos avistam uma caravana de ismaelitas, vendedores e compradores de mercadorias. José foi vendido a eles como um escravo. José foi levado ao Egito (v.28). Ao que parece, Rúben havia se ausentado por um momento, enquanto os outros venderam seu irmão (vv. 29-30).

Veja irmãos, que aqueles homens não estavam felizes com o plano de Deus e achavam que eliminando José, aquilo que havia sonhado não aconteceria. Vocês conhecem o restante da história no livro de Gênesis. O plano de Deus não pode ser impedido. Todas as coisas cooperam para que o plano de Deus seja cumprido. O desígnio de Deus é perfeito e se cumprirá. O Seu plano é eficaz. Jó disse: “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido” (Jó 42.2). Sendo assim, aquilo que Deus nos prometeu em sua palavra ele cumprirá, não tenha dúvida.

III. O plano de Deus não exclui a responsabilidade do homem.

Os irmãos de José estavam errados e pecaram , mesmo que aquilo fizesse parte do plano de Deus. Essa é uma grande verdade da teologia: a soberania de Deus e a responsabilidade humana. Vemos claramente que os irmãos de José foram movidos por ódio, ciúmes, inveja, o plano para matá-lo ou escondê-lo de seu pai, demonstram que estavam agindo pecaminosamente. Eles eram responsáveis por seus atos, embora eles estivessem dentro do plano de Deus. O Senhor é especialista em transformar o mal em bem para cumprir os seus propósitos.

IV. O plano de Deus não exclui o sofrimento.

Os irmãos de José forjaram uma situação para que Jacó pensasse que José havia morrido (vv. 31-36). Mataram um bode, melaram de sangue a roupa de José e entregaram a Jacó, para que ele pensasse que José foi morto por um animal. Jacó rasga suas vestes como um sinal de luto e tristeza (v.34). Jacó iria ficar de luto até a morte, onde se juntaria ao seu filho (v.35).

Aqui nós percebemos que o plano de Deus não exclui o sofrimento. O plano de Deus é belo, perfeito e santo. Mas isso não significa que não iremos ver ou sentir a dor. Muitas vezes questionamos o amor de Deus ou até a sua existência (“Será que Deus existe mesmo?”), quando estamos sofrendo. Mas pense no plano maior de Deus. José foi vendido por seus irmãos e dado como morto ao seu pai, mas lá na frente veremos como o plano de Deus foi bem traçado por Ele. Assim é a nossa vida, não percamos a esperança em Deus. Mesmo em dias difíceis, lembremos que os planos de Deus são melhores que os nossos. 

Conclusão
Nós somos como um tapete e Deus é o nosso tapeceiro. A canção de Stênio Március O tapeceiro descreve bem o que vimos nesta exposição.

Assista o vídeo abaixo e veja como tudo se explica e se encaixa no plano perfeito de Deus.


quarta-feira, 1 de março de 2017

O Grande Mandamento - Dt 6.1-9


1 Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; 2 para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. 3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais. 4 Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; 7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. 8 Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. 9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. (Deuteronômio 6:1-9 [ARA])

Introdução
Nesta passagem das Escrituras temos um aprofundamento da primeira parte do Decálogo, ou seja, dos quatro primeiros mandamentos relacionados à pessoa de Deus (cf. Ex 20.1-4; Dt 5.5-10). Aqui podemos perceber o âmago e a essência da lei de Deus. Israel é exortado a cumprir e guardar as ordens de Deus, bem como reverenciá-lo. Esse ensinamento deveria seguir para as próximas gerações e asseguraria a vida e a prosperidade do povo. Notaremos, portanto, nesta breve exposição, essas questões de forma mais detalhada.

1 – Uma lei para um povo (vv. 1-3)
O povo hebreu recebe as instruções de Deus, por meio de Moisés, para que fossem praticadas na terra que Ele havia prometido. Seguindo a percepção de Thompson, a versão NVI traz uma melhor tradução para a palavra mitsvá (traduzida por mandamentos pela ARA, v. 1)* . Não se trata de um termo plural, mas singular, ou seja, lei, conforme traduz a NVI. A ideia é que Deus deu apenas uma lei para o seu povo, constituída de decretos e ordenanças gerais, mas que visam um único propósito: temer ao Senhor (v. 2).

O termo temer (v. 2) traz a ideia de medo, receio ou temor reverente. Há ocasiões em que Deus diz para os seus servos não temerem (cf. Gn 26.24). O que significa, portanto, temer ao Senhor? É uma atitude de reconhecimento do poder e status da pessoa reverenciada. Deus deu a Sua lei para que o Israel seguisse os seus preceitos em temor, isto é, para que fizessem a Sua vontade e não se desviasse dEle. O contínuo reconhecimento de quem Deus é nos impede de seguir o caminho errado.

O ato de Deus dar as Suas leis para o povo hebreu era uma demonstração de particularidade entre Javé e Israel. “Não fez assim a nenhuma outra nação; todas ignoram os seus preceitos. Aleluia!” (Sl 147.20).
A lei de Deus deveria ser ensinada para as próximas gerações (v. 2), desta forma o povo seria abençoado em crescimento e iria usufruir da terra prometida. Para que a vida dos hebreus fosse segura em Deus, necessitariam estar em contato com as suas instruções. É como declarou o salmista sobre o que medita na lei de Deus: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.3, ARA).
O compromisso com a Palavra de Deus – leitura e meditação – nos capacita a reverenciá-lo, e isso nos dará melhores condições para usufruir das promessas de Deus.

2 – O grande mandamento (vv. 4-9)
Esta breve passagem é conhecida pelos judeus durante séculos como o Shemá (“Ouve”, em hebraico), a qual é recitada juntamente com Dt 11. 13-21 e Nm 15.37-41 como oração diária. Com respeito à declaração “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (v. 4, ARA), há diversas traduções gramaticalmente possíveis, como: “Javé nosso Deus, Javé é um”, “Javé é nosso Deus, Javé é um”, “Javé é nosso Deus, Javé somente”**.  Porém, é mais compreensível que se trata de uma declaração da unicidade de Deus. Ou seja, “o Senhor é Deus, o Senhor é único”.

Essa declaração traz algumas implicações para o povo de Deus: 1) A monolatria deveria ser totalmente abandonada, isto é, admitir que existam outros deuses, mas que apenas um deve ser adorado; 2) Deus fala contra o politeísmo, pois somente Ele é Deus e não existe nenhum outro. O Senhor demonstrou isso ao ridicularizar os deuses do panteão egípcio (cf. Ex 12.12; 15.11); e 3) Nada nem ninguém pode tomar o lugar de Deus (Isaías 42.8).

O grande mandamento consiste em amar a Deus “de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (v. 5). Quando perguntado sobre qual era o principal mandamento, Jesus citou esse mandamento (Mc 12.29-30; Mt 22.37; Lc10.27). Esse mandamento consiste em uma síntese de todos os mandamentos relacionados à pessoa de Deus. Israel deveria ter um relacionamento íntimo com Deus em amor, não obedecê-lo de maneira legalista, fria, tendo que fazer o dever pelo dever. A motivação do coração deveria ser santa, amando de coração ao Senhor.

Amar de todo o coração, de toda a alma e de toda a força, significa amar a Deus com todo o ser. Deus deve ser amado sem quaisquer reservas. E amar a Deus está relacionado a obedecer aos seus mandamentos.

As palavras de Deus devem estar no coração dos seus servos (v. 6). O indivíduo demonstra que ama a Deus praticando os seus mandamentos. Jesus também ensinou dizendo: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo 14.21). O amor é uma expressão de lealdade. Como Deus é o único Senhor, somente Ele deve ser amado pelos seus servos.

A disposição para amar a Deus abrange todas as áreas da vida. Envolve tanto obedecer como ensinar para as próximas gerações (vv. 7-9), de maneira que em todas as épocas o Seu nome ficasse gravado, os seus feitos fossem recordados, e a Sua lei seja obedecida. O salmista nos exorta a fazer isso: “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez” (Sl 78.3,4).

Conclusão
Não basta apenas alguém dizer que ama a Deus. Isso deve ser perceptível, deve ser notado pela prática da Sua Palavra. O amor para com Deus deve ser maior do que tudo, deve ser total. Somente Ele é Deus e não podemos colocar nada ou ninguém no lugar que pertence apenas a Ele (Is 42.8). A obediência a Sua lei nos ajuda a temê-lo, que por sua vez nos ajuda a vivermos de maneira tranquila diante dEle. Não podemos deixar de falar as Suas verdades aos nossos filhos. Nosso lar deve ser um ambiente em que Deus é o centro.

Notas:
*THOMPSON, 1982, p. 116.
**Ibid, p. 117.