segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Solus Christus: A singularidade de Cristo



O mundo tem experimentado um grande crescimento numérico de adeptos à religiões. Estudiosos dizem que são criadas cinco novas religiões por dia. O Cristianismo ainda é a maior religião do mundo (2,1 bilhões), seguido pelo Islamismo (1,2 bilhões), hinduísmo (900 milhões), budismo (330 milhões), e outras religiões orientais e indígenas. Muitas das religiões são chamadas de inclusivistas, isto é, simpática em relação às demais religiões, entendendo que todas as religiões tem pontos em comum e que, portanto, nenhuma é superior a outra.

Perceba como funciona o inclusivismo. Há inúmeras religiões no mundo e, assim, inúmeros deuses e, certamente, mediadores entre as pessoas e esses deuses. Diante disso, o inclusivismo diz que não há uma religião correta, mas todas são corretas. Nenhuma é superior a outra. Assim, temos vários deuses e mediadores nas diversas religiões e todas estão corretas, segundo o pensamento inclusivista. Num mundo de pluralidade não há uma única verdade, mas, verdades (relativismo).

O Cristianismo é diferente de todas as demais religiões no mundo, pois é uma religião exclusivista, ou seja, afirma que é a única correta. Uma das verdades que faz do Cristianismo como uma religião única é a afirmação das Escrituras de que Cristo é único e superior a qualquer um, sejam divindades, sacerdotes, religiões. Cristo é Único.

Dessa forma, hoje queremos falar sobre uma segunda doutrina fundamental da Reforma Protestante que resume bem o Cristianismo, o Solus Christus (somente Cristo).

Como explicitado no último domingo, a Reforma surgiu como uma reação (especialmente) de Martinho Lutero contra a Igreja Católica. Vimos que o catolicismo nega o sola scriptura (somente a Escritura) ao colocá-la em pé de igualdade com a Tradição e o Magistério da Igreja. Vimos que as Escrituras são suficientes pois nos mostram a salvação em Cristo, por serem inspiradas por Deus e único meio de sermos aperfeiçoados para toda a boa obra.

O segundo ponto da reforma a singularidade de Cristo. Cristo é único. É suficiente. Lembremos que Lutero ficou chocado e irado ao perceber o esquema pecaminoso no qual a Igreja se meteu. Venda de indulgências por parte da Igreja, objetivando receber perdão dos pecados, penitências para ter os pecados cometidos perdoados, peregrinações (romarias) para buscar a salvação... Tudo isso entristeceu o monge agostiniano. Ao entender que a fé em Cristo é suficiente para a salvação [solus Christus], Lutero contrariou a Igreja.

Assim, Cristo é suficiente. Cristo somente. Essa é a mensagem das Escrituras. E não precisamos de mais nada, a não ser de Cristo somente e somente Cristo.

Há vários textos que mostra a singularidade de Cristo. O primeiro exemplo que pretendemos destacar nessa noite está em 1Tm 2.5, onde mostra que Cristo é o único Mediador.

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”  (1 Timóteo 2:5).

Repare que o texto está falando de um dos ofícios de Cristo, o de Sacerdote (além deste, Cristo é Rei e Profeta). A palavra mediador indica o ofício sacerdotal, um intermediário entre duas partes, i.e., Deus e Seu povo. Repare também que o assunto de Paulo a partir do verso 1 é a oração em favor de todos os homens. Ele exorta que oremos por todos os homens, no verso 2 ele especifica esses homens: reis e demais autoridades. O propósito da oração (v.2): "para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito".

Devemos orar por todos os homens porque isso agrada a Deus (v.3) e Ele quer salvar tais homens (v.4). Aí vem o verso 5: "Porquanto há um só Deus e um só Mediador". Deus manda que oremos e indica que nossas orações são ouvidas por Ele pois há um Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus.

Outro detalhe importante é a humanidade de Cristo. Ele é o único mediador e só o pode ser porque Ele é homem, como nós. Embora seja Deus, ele também é homem, o Verbo que se fez carne (Jo 1.1). A importância de Cristo como um Sacerdote humano é descrito em Hb 4.14-16. Ele tem competência para nos assistir diante de Deus, pois Ele sentiu na pele as dificuldades que passamos. Assim, tendo Cristo como o único Mediador, podemos orar e sermos ouvidos por Deus.

Você já ouviu falar do crente “cês ora”? É aquele que, ao estar diante de um pastor ou diácono, ou um irmão mais experiente em vida cristã ou “mais espiritual”, diz: “fulanos, ‘cês ora’ por mim?”, achando que a oração dos outros é mais poderosa ou é mais fácil de chegar a Deus. As vezes o “pastor, ore por mim” pode ser uma expressão de confiança de um irmão na oração do pastor, como se a oração dele fosse diferente. Nós temos um Mediador, todos os crentes têm esse Mediador que intercede por nós ao Pai.

Dessa forma, irmãos, precisamos orar a Deus por nós. Confessar nossos pecados a Deus. nossas orações são ouvidas por Ele pois temos um sacerdote que tem total acesso ao Trono da Graça. Quando você passa por dificuldades, ORE! Quando estiver arrependido, ORE! Quando você não sabe o que fazer, ORE! Enquanto alguns confiam em sacerdotes humanos para lhes ouvir, temos a Cristo, que está a destra do Pai no Trono da Graça. Deus nos ouve por causa de Cristo, nosso Sumo Sacerdote. Cristo é o único Mediador.

Outro exemplo acerca da singularidade de Cristo está em At 4.12, em que Cristo é descrito como o único Salvador.

“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12).

Você deve lembrar do episódio narrado no capítulo 3. O cap 3 narra que havia um homem coxo de nascença que todos os dias ficava na porta do templo de Jerusalém pedindo esmolas. Esse homem viu Pedro e João adentrar no templo e lhes pediu esmolas. Mas Pedro falou aquele homem que não tinha nada de material para dar aquele homem, mas deu a cura àquele homem em nome de Jesus.

O texto diz que de “um salto o homem ficou de pé” e ficava saltando e louvando a Deus. Esse fato chamou a atenção de muita gente. Muitos conheciam aquele homem que pedia esmolas na porta do templo. Várias gentes chegaram-se a Pedro e João.

Pedro, então, ao ver que as pessoas estavam admiradas pelo milagre da cura do coxo, explicou para os judeus o que havia acontecido (3:12ss). Pedro lhes diz que aquela obra fora de Deus, por meio de Jesus, o qual fora morto por eles. Pedro também prega o evangelho para aquelas pessoas, pois o papel dos apóstolos era testemunhar de Cristo e eles faziam por meio de sinais e prodígios miraculosos para testificar a sua mensagem.

Enquanto Pedro ainda pregava para as pessoas, chegaram algumas autoridades do povo: os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus. Pois estavam ressentidos de ensinarem sobre a ressurreição dos mortos em Jesus (4:1-2). Eles queriam impedir aquela pregação!

Pedro e João foram presos e encarcerados. Mas muitos aceitaram e receberam a palavra do evangelho (4:3-4). No outro dia, depois destes acontecimentos, várias autoridades se reuniram para interrogar Pedro e João. Eles questionaram em nome de quem eles fizeram aquela cura. Pedro mais uma vez aproveita a oportunidade para falar de Jesus e mostrar que foi em nome Dele que aquele coxo foi curado (4:5-12). E este Jesus, a quem eles rejeitaram (v.11), é o único em que há salvação (v.12). Não existe nenhum outro nome no mundo capaz de dar salvação a não ser Cristo.

Isso é importante porque a Igreja Romana tem asseverado que a salvação está naquela igreja. O papa Gregório VII, ao falar sobre o nome "Papa", disse: "Este nome é único no mundo". Veja a que ponto chegaram! Só Cristo tem nome único no mundo. Só Ele é capaz de salvar. Outro papa, Bonifácio VIII, disse: “Declaramos, estabelecemos, definimos e pronunciamos que, para a salvação, é necessário que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano”. Para ser salvo, apenas precisamos de Cristo. Se estivermos em Cristo, estamos no verdadeiro (1Jo 5.20). Cristo e, somente Cristo é suficiente para a salvação (cf. Gl 3.1,2 [receber o Espírito=salvação]).

Outro ponto em que Cristo é único está na autoridade. Cristo é o único que detém toda a autoridade (Mt 28.18).

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”  (Mateus 28:18).

Por ter autoridade ele manda (vv.19ss [“Ide...fazei discípulos”]). Por ser autoridade Ele é o dono da Igreja (Mt 16.18 [“estabelecerei a minha igreja”]). Por ser autoridade Ele é o cabeça da igreja (Ef 4.15). Por ser autoridade, só a Ele nos submetemos em tudo.

O Concílio Vaticano II, na Lumen gentium, afirma que o Papa, "em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, tem nela pleno, supremo e universal poder que pode sempre exercer livremente" (n. 22). Isso é um absurdo!

Irmãos, Cristo é nosso Senhor. Ele detém toda a autoridade. Se Ele é nosso Senhor devemos obedecê-lo. “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos mando?” Infelizmente, muitos crentes têm sido negligentes com a Palavra de Cristo, deixando de obedecê-la. Crentes mentirosos, fofoqueiros, adúlteros, briguentos, glutões, sedentos por riquezas, desobedientes aos pais, irresponsáveis com dinheiro, preguiçosos, irascíveis ao extremo, bocas sujas... Tudo isso reflete crentes que são insubmissos à autoridade de Cristo.


Cristo é único. Só Ele é Mediador, só Ele é Salvador, só Ele é detém toda Autoridade. Apeguemo-nos apenas a Ele e, somente a Ele.

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