O mundo tem experimentado um
grande crescimento numérico de adeptos à religiões. Estudiosos dizem que são
criadas cinco novas religiões por dia. O Cristianismo ainda é a maior religião
do mundo (2,1 bilhões), seguido pelo Islamismo (1,2 bilhões), hinduísmo (900
milhões), budismo (330 milhões), e outras religiões orientais e indígenas. Muitas
das religiões são chamadas de inclusivistas,
isto é, simpática em relação às demais religiões, entendendo que todas as
religiões tem pontos em comum e que, portanto, nenhuma é superior a outra.
Perceba como funciona o
inclusivismo. Há inúmeras religiões no mundo e, assim, inúmeros deuses e,
certamente, mediadores entre as pessoas e esses deuses. Diante disso, o
inclusivismo diz que não há uma religião correta, mas todas são corretas.
Nenhuma é superior a outra. Assim, temos vários deuses e mediadores nas
diversas religiões e todas estão corretas, segundo o pensamento inclusivista. Num
mundo de pluralidade não há uma única
verdade, mas, verdades (relativismo).
O Cristianismo é diferente de
todas as demais religiões no mundo, pois é uma religião exclusivista, ou seja, afirma que é a única correta. Uma das
verdades que faz do Cristianismo como uma religião única é a afirmação das
Escrituras de que Cristo é único e superior a qualquer um, sejam divindades,
sacerdotes, religiões. Cristo é Único.
Dessa forma, hoje queremos falar
sobre uma segunda doutrina fundamental da Reforma Protestante que resume bem o
Cristianismo, o Solus Christus
(somente Cristo).
Como explicitado no último
domingo, a Reforma surgiu como uma reação (especialmente) de Martinho Lutero
contra a Igreja Católica. Vimos que o catolicismo nega o sola scriptura (somente a Escritura) ao colocá-la em pé de
igualdade com a Tradição e o Magistério da Igreja. Vimos que as Escrituras são
suficientes pois nos mostram a salvação em Cristo, por serem inspiradas por
Deus e único meio de sermos aperfeiçoados para toda a boa obra.
O segundo ponto da reforma a
singularidade de Cristo. Cristo é único. É suficiente. Lembremos que Lutero
ficou chocado e irado ao perceber o esquema pecaminoso no qual a Igreja se
meteu. Venda de indulgências por parte da Igreja, objetivando receber perdão
dos pecados, penitências para ter os pecados cometidos perdoados, peregrinações
(romarias) para buscar a salvação... Tudo isso entristeceu o monge agostiniano.
Ao entender que a fé em Cristo é suficiente para a salvação [solus Christus], Lutero contrariou a
Igreja.
Assim, Cristo é suficiente.
Cristo somente. Essa é a mensagem das Escrituras. E não precisamos de mais
nada, a não ser de Cristo somente e somente Cristo.
Há vários textos que mostra a
singularidade de Cristo. O primeiro exemplo que pretendemos destacar nessa
noite está em 1Tm 2.5, onde mostra que Cristo
é o único Mediador.
“Porquanto há um só Deus e um só
Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2:5).
Repare que o texto está falando
de um dos ofícios de Cristo, o de Sacerdote (além deste, Cristo é Rei e
Profeta). A palavra mediador indica o ofício sacerdotal, um intermediário entre
duas partes, i.e., Deus e Seu povo. Repare também que o assunto de Paulo a
partir do verso 1 é a oração em favor de todos os homens. Ele exorta que oremos
por todos os homens, no verso 2 ele especifica esses homens: reis e demais
autoridades. O propósito da oração (v.2): "para que vivamos vida tranquila
e mansa, com toda piedade e respeito".
Devemos orar por todos os homens
porque isso agrada a Deus (v.3) e Ele quer salvar tais homens (v.4). Aí vem o
verso 5: "Porquanto há um só Deus e um só Mediador". Deus manda que
oremos e indica que nossas orações são ouvidas por Ele pois há um Mediador
entre Deus e os homens, Cristo Jesus.
Outro detalhe importante é a
humanidade de Cristo. Ele é o único mediador e só o pode ser porque Ele é
homem, como nós. Embora seja Deus, ele também é homem, o Verbo que se fez carne
(Jo 1.1). A importância de Cristo como um Sacerdote humano é descrito em Hb
4.14-16. Ele tem competência para nos assistir diante de Deus, pois Ele sentiu
na pele as dificuldades que passamos. Assim, tendo Cristo como o único
Mediador, podemos orar e sermos ouvidos por Deus.
Você já ouviu falar do crente
“cês ora”? É aquele que, ao estar diante de um pastor ou diácono, ou um irmão
mais experiente em vida cristã ou “mais espiritual”, diz: “fulanos, ‘cês ora’
por mim?”, achando que a oração dos outros é mais poderosa ou é mais fácil de
chegar a Deus. As vezes o “pastor, ore por mim” pode ser uma expressão de
confiança de um irmão na oração do pastor, como se a oração dele fosse
diferente. Nós temos um Mediador, todos os crentes têm esse Mediador que
intercede por nós ao Pai.
Dessa forma, irmãos, precisamos
orar a Deus por nós. Confessar nossos pecados a Deus. nossas orações são
ouvidas por Ele pois temos um sacerdote que tem total acesso ao Trono da Graça.
Quando você passa por dificuldades, ORE! Quando estiver arrependido, ORE!
Quando você não sabe o que fazer, ORE! Enquanto alguns confiam em sacerdotes
humanos para lhes ouvir, temos a Cristo, que está a destra do Pai no Trono da
Graça. Deus nos ouve por causa de Cristo, nosso Sumo Sacerdote. Cristo é o
único Mediador.
Outro exemplo acerca da
singularidade de Cristo está em At 4.12, em que Cristo é descrito como o único Salvador.
“E não há salvação em nenhum outro;
porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo
qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12).
Você deve lembrar do episódio
narrado no capítulo 3. O cap 3 narra que havia um homem coxo de nascença que
todos os dias ficava na porta do templo de Jerusalém pedindo esmolas. Esse
homem viu Pedro e João adentrar no templo e lhes pediu esmolas. Mas Pedro falou
aquele homem que não tinha nada de material para dar aquele homem, mas deu a
cura àquele homem em nome de Jesus.
O texto diz que de “um salto o
homem ficou de pé” e ficava saltando e louvando a Deus. Esse fato chamou a
atenção de muita gente. Muitos conheciam aquele homem que pedia esmolas na
porta do templo. Várias gentes chegaram-se a Pedro e João.
Pedro, então, ao ver que as
pessoas estavam admiradas pelo milagre da cura do coxo, explicou para os judeus
o que havia acontecido (3:12ss). Pedro lhes diz que aquela obra fora de Deus,
por meio de Jesus, o qual fora morto por eles. Pedro também prega o evangelho
para aquelas pessoas, pois o papel dos apóstolos era testemunhar de Cristo e
eles faziam por meio de sinais e prodígios miraculosos para testificar a sua
mensagem.
Enquanto Pedro ainda pregava para
as pessoas, chegaram algumas autoridades do povo: os sacerdotes, o capitão do
templo e os saduceus. Pois estavam ressentidos de ensinarem sobre a
ressurreição dos mortos em Jesus (4:1-2). Eles queriam impedir aquela pregação!
Pedro e João foram presos e
encarcerados. Mas muitos aceitaram e receberam a palavra do evangelho (4:3-4). No outro dia, depois destes
acontecimentos, várias autoridades se reuniram para interrogar Pedro e João.
Eles questionaram em nome de quem eles fizeram aquela cura. Pedro mais uma vez
aproveita a oportunidade para falar de Jesus e mostrar que foi em nome Dele que
aquele coxo foi curado (4:5-12). E este Jesus, a quem eles rejeitaram (v.11), é
o único em que há salvação (v.12). Não existe nenhum outro nome no mundo capaz
de dar salvação a não ser Cristo.
Isso é importante porque a Igreja
Romana tem asseverado que a salvação está naquela igreja. O papa Gregório VII,
ao falar sobre o nome "Papa", disse: "Este nome é único no
mundo". Veja a que ponto chegaram! Só Cristo tem nome único no mundo. Só
Ele é capaz de salvar. Outro papa, Bonifácio VIII, disse: “Declaramos,
estabelecemos, definimos e pronunciamos que, para a salvação, é necessário que
toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano”. Para ser salvo,
apenas precisamos de Cristo. Se estivermos em Cristo, estamos no verdadeiro
(1Jo 5.20). Cristo e, somente Cristo é suficiente para a salvação (cf. Gl 3.1,2
[receber o Espírito=salvação]).
Outro ponto em que Cristo é único
está na autoridade. Cristo é o único
que detém toda a autoridade (Mt 28.18).
“Jesus, aproximando-se, falou-lhes,
dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28:18).
Por ter autoridade ele manda
(vv.19ss [“Ide...fazei discípulos”]). Por ser autoridade Ele é o dono da Igreja
(Mt 16.18 [“estabelecerei a minha igreja”]). Por ser autoridade Ele é o cabeça
da igreja (Ef 4.15). Por ser autoridade, só a Ele nos submetemos em tudo.
O Concílio Vaticano II, na Lumen gentium, afirma que o Papa,
"em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja,
tem nela pleno, supremo e universal poder que pode sempre exercer
livremente" (n. 22). Isso é um absurdo!
Irmãos, Cristo é nosso Senhor.
Ele detém toda a autoridade. Se Ele é nosso Senhor devemos obedecê-lo. “Por que
me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos mando?” Infelizmente,
muitos crentes têm sido negligentes com a Palavra de Cristo, deixando de
obedecê-la. Crentes mentirosos, fofoqueiros, adúlteros, briguentos, glutões,
sedentos por riquezas, desobedientes aos pais, irresponsáveis com dinheiro,
preguiçosos, irascíveis ao extremo, bocas sujas... Tudo isso reflete crentes
que são insubmissos à autoridade de Cristo.
Cristo é único. Só Ele é
Mediador, só Ele é Salvador, só Ele é detém toda Autoridade. Apeguemo-nos
apenas a Ele e, somente a Ele.

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